16/12/2025

B3 apresenta estratégia para o próximo ano e se prepara para ciclo de crescimento


  • Novo ciclo de juros, somado à evolução do mercado nos últimos anos, deve potencializar crescimento em derivativos e produtos de renda variável
     
  • Em 2025, a B3 investiu R$ 1 bilhão em projetos de seu portfólio, com objetivo de sustentar e inovar em seus principais negócios
     
  • Estudo de análise de sensibilidade feito pela companhia mostra que leve descompressão no cenário pode impulsionar crescimento significativo nos volumes de renda variável 
     
  • Para 2026, a B3 prepara uma agenda de inovação em derivativos para o varejo, incluindo o lançamento de contratos de eventos financeiros
     
  • Além dos produtos tradicionais, B3 também estuda novas tecnologias como tokenização e stablecoins

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Foto: Cauê Diniz/B3

São Paulo, 16 de dezembro de 2025 - A B3, bolsa do Brasil, apresentou sua estratégia de crescimento para 2026 durante o B3 Day, evento realizado hoje (16) para os investidores da companhia. Para 2026, a companhia vislumbra um cenário de crescimento das receitas para maximizar as oportunidades em duas frentes de negócios: as pró-cíclicas e as recorrentes.

As receitas pró-cíclicas são as que apresentam crescimento acelerado em cenários favoráveis e estabilização em cenários desafiadores, como acontece nos segmentos de renda variável e derivativos. As receitas recorrentes são negócios que apresentam crescimento constante no longo prazo, como os segmentos de renda fixa e crédito, empréstimo de ativos, soluções para mercado de capitais, soluções analíticas de dados, tecnologia e plataformas.

Durante a apresentação, a B3 mostrou os resultados de um exercício de análise de sensibilidade que realizou para estudar possíveis cenários para evolução no mercado de renda variável, considerando os dados atuais e a movimentação de alguns indicadores. O estudo mostra que com poucas alterações no cenário é possível obter avanços significativos no ADTV (volume de negociação diária) no mercado de renda variável para investidores pessoa física, estrangeiros e institucionais locais, perfis que representam, juntos, cerca de 70% da negociação desse mercado.

Ao considerar o ADTV atual de investidores pessoa física na bolsa, um cenário mais favorável para o engajamento dos investidores (frequência em que negociam ações), somada à expansão da base de investidores dos últimos anos, inspira confiança no crescimento do volume desses investidores no próximo ciclo. 

Atualmente, o ADTV do investidor pessoa física na B3 é de R$ 3 bilhões, com 30% de engajamento (investidores que realizaram negociações ao longo do mês) e um volume médio diário (ADTV) por CPF de R$ 1,8 mil. Se o ADTV por CPF subisse para R$ 3 mil, o ADTV alcançaria R$ 4,9 bilhões. 

“O mercado de renda variável mudou radicalmente nos últimos 5 anos. O número de contas dobrou, o número de corretoras e agentes autônomos cresceu exponencialmente e vemos um mercado mais maduro, com avanço de produtos mais sofisticados como ETFs, BDRs e fundos. O mercado se desenvolveu e, no próximo ciclo favorável, veremos um crescimento de volume significativo na renda variável”, diz Gilson Finkelsztain, CEO da B3.

No segmento de investidores estrangeiros, a mudança de cenário também poderia aumentar a alocação em ações brasileiras, que atualmente está em um patamar historicamente baixo. A sensibilidade ao fluxo estrangeiro é grande, e mesmo uma pequena mudança representaria um grande aumento no ADTV desse segmento.

No institucional local, as taxas de juros elevadas vêm impactando fundos de ações e multimercados há anos, sofrendo com resgates e competição com fundos de renda fixa. Uma maior alocação em ações dos fundos locais também pode representar aumento significativo.

Estratégia de crescimento

A estratégia de diversificação de receitas da B3 se mantém consistente e vem sendo executada de forma eficiente nos últimos anos, sustentando o modelo de negócios que tem de um lado os negócios pró-cíclicos e de outro lado os negócios recorrentes. 

“Atualmente, a B3 é muito menos dependente dos ciclos de juros. Como resultado da nossa estratégia de diversificação de receitas, com fortalecimento do core e crescimento nas áreas adjacentes, somos uma empresa duas vezes maior e mais diversificada do que há cinco anos”, explica André Milanezdiretor Executivo Financeiro, Administrativo e de Relações com Investidores da B3.

Ainda segundo o executivo, os negócios recorrentes são fundamentais para os resultados da companhia em cenários desafiadores. O plano da B3 é aumentar significativamente o crescimento desses negócios e buscar novas fontes de receitas com iniciativas em renda fixa e duplicatas escriturais. 

Nos negócios pró-cíclicos, a estratégia é preparar a B3 para o próximo ciclo de juros, com foco em tecnologia e inovação, aprimoramento em tarifação e aumento da liquidez, além de potencializar esse mercado por meio da diversificação de produtos.

Novos produtos

Durante o B3 Day foi anunciado que, no próximo ano, um dos principais lançamentos previstos é o Contrato de Eventos Financeiros. Esses contratos são do tipo sim/não, conectados a perguntas objetivas, com payoff limitado (o investidor já sabe quanto vai pagar e quanto poderá ganhar com a operação) e sem alavancagem. A B3 já realizou pedido para o regulador de cinco novos derivativos digitais. 

A intersecção entre infraestruturas de mercado tradicionais com plataformas de mercados preditivos é uma tendência global, e a B3 vem acompanhando e estudando esses avanços. 

Hoje, entre 250 e 300 mil clientes da B3 operam derivativos tradicionais, como minicontratos. Com esses novos derivativos digitais, a B3 vê potencial de atrair mais investidores, com uma operação simplificada, mas dentro do mercado regulado. Existem 5,4 milhões de pessoas físicas que já investem em renda variável na B3 e que são investidores potenciais para esses novos produtos.

Em 2025, foram 19 lançamentos em derivativos pela companhia. Para o pipeline 2026/2027, estão previstos 22 produtos como Opção Semanal com Vencimento Diário de Dólar, Ethereum e Solana, Futuro de Petróleo, Opção Semanal de Bitcoin em USD, entre outros.

No mercado de renda variável, produtos com grande potencial de crescimento são os índices, ETFs e empréstimos de ações. Além disso, o Regime Fácil, iniciativa da CVM para facilitar o acesso de companhias de menor porte ao mercado de capitais, pode fortalecer o pipeline de ofertas de ações em uma próxima janela de mercado.

Já em renda fixa, a B3 irá focar seus esforços em duas frentes: fomentar a negociação tanto de títulos públicos federais quanto de títulos privados no mercado secundário, por meio da plataforma de negociação eletrônica Trademate, e preparar sua infraestrutura para liderar o movimento de transformação das duplicatas escriturais.  A B3 está preparando uma solução que vai além das obrigatoriedades regulatórias, com inteligência agregada, e proposta de valor para diferentes tipos de clientes nesse mercado, que tem potencial de R$ 11 trilhões. 

Além dos produtos tradicionais, a B3 também está estudando novas tecnologias como tokenização e stablecoins. A intenção é conectar a tokenizadora à infraestrutura atual, de negociação e pós negociação, para ofertar novos produtos ao mercado por meio de plataforma. O stablecoin seria o viabilizador da liquidação nessa nova estrutura, além de servir como ferramenta para todo ecossistema digital utilizá-lo como meio de liquidação em real. 

Projeções para 2026

Em 2025, a B3 investiu R$ 1 bilhão em projetos de seu portfólio, com objetivo de sustentar e inovar em seus principais negócios. O segmento de mercado (renda variável, derivados, renda fixa e crédito) recebeu 53% do investimento, utilizado para manter o funcionamento da infraestrutura e para o desenvolvimento de novos produtos. O segmento de Tecnologias e Plataformas recebeu 23% desses investimentos, enquanto as soluções analíticas de dados receberam 16% e as soluções para mercado de capitais receberam 8% do investimento. 

Nas projeções de investimento da B3 para 2026, os desembolsos totais estão entre R$ 3,1 bilhões e R$ 3,6 bilhões, considerando entre R$ 2,4 bilhões e 2,6 bilhões em despesas ajustadas, entre R$ 260 milhões a R$ 350 milhões em CAPEX e despesas atreladas ao faturamento entre R$ 510 milhões e R$ 660 milhões. 

O valor de depreciação e amortização, incluindo amortização de intangíveis e mais valia, ficou entre R$ 370 milhões e R$ 430 milhões. Já projeção da alavancagem Financeira (Dívida Bruta / EBITDA recorrente dos últimos 12 meses) é de até 2,2x. A projeção de distribuição do lucro líquido é de 90% a 110%.