21/09/2022

CVM quer atrair jovens talentos por meio de convênios com associações de classe


Os principais desafios do plano de gestão estratégica da CVM estão centrados em um tripé: financiamento, pessoas e tecnologia. Para João Pedro Nascimento, que assumiu a presidência da autarquia em 18 de julho deste ano, a CVM precisa ter uma quantidade maior de jovens. Entre os esforços para tornar essa meta realidade, Nascimento pretende estruturar um modelo de remuneração por meio dos convênios da autarquia com associações de classe.

“Temos batalhado por um concurso público. A CVM está sem concurso público desde 2010. A ideia é ter na CVM uma quantidade cada vez maior de jovens, cuja remuneração seria paga por meio desses convênios com associações e entidades de classe”, disse Nascimento durante o MKBR, evento organizado pela ANBIMA e pela B3, nesta quarta-feira.

Outro desafio do mandato de João Pedro Nascimento, que termina em julho de 2027, é tornar a CVM um regulador mais tecnológico. Investimentos em inteligência artificial para otimizar o dia a dia dos servidores da autarquia estão no radar. Nascimento também pretende repensar o financiamento das atividades da CVM.

“Há um diálogo já iniciado e que vem sendo muito bem recebido pelo Ministério da Economia em relação ao aproveitamento pela CVM numa vinculação direta de uma parte do valor da nossa taxa de fiscalização. Ainda no tema financeiro, está o melhor aproveitamento dos convênios com as entidades de classe e associações, como é o caso da ANBIMA”, afirmou Nascimento.

Agenda ESG e influenciadores

Os ativos verdes estão no radar do regulador do mercado de capitais brasileiro. Nascimento explicou que, na revisão da regra de fundos de investimento, ativos como crédito de carbono, crédito de metano e ativos ambientais de vegetação nativa podem se tornar objeto de investimentos.

“Uma vez que eles sejam objeto de investimento, a contabilidade vai reconhecer esses ativos pelo valor correto. Tal como ativos verdes como são, com a peculiaridade e com a singularidade que eles têm”, afirmou.

Na supervisão do mercado, outro foco da gestão de Nascimento é o trabalho dos influenciadores digitais. O presidente da CVM ressaltou que não há pretensão de regular os usos das redes sociais, nem restringir o exercício da liberdade de expressão, mas não vai permitir que influenciadores invadam o perímetro da CVM e a esfera de agentes regulados.

“Nós não restringiremos o exercício da liberdade de expressão de ninguém. A gente precisa estar atento, porque, muitas vezes, os influenciadores digitais transbordam os limites do que seria uma influência. Passam a fazer análise de investimentos, dão opiniões, recomendam ativos, isso a gente não pode tolerar”, afirmou Nascimento.

Para ele, a autarquia terá rigor para evitar que os influenciadores invadam prerrogativas dos agentes regulados, mas vai buscar enxergar oportunidades para multiplicar mensagens de educação financeira.  “Vamos tentar enxergar nos próprios influenciadores digitais algumas oportunidades para que a CVM multiplique a mensagem da educação financeira”, completou.