13/05/2022

Total de investidores em renda fixa cresce 17%, mostra levantamento da B3


São Paulo, 13 de maio de 2022 - O ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, deu um novo impulso para a renda fixa. A quantidade de CPFs com produtos nesse segmento subiu 17% em 12 meses, para 10,4 milhões, e o valor em custódia cresceu 38%, para R$ 1,182 trilhão.

Esses dados são parte do mais recente estudo da B3, a bolsa do Brasil, sobre a evolução dos investidores em instrumentos de renda fixa e variável, relativo ao primeiro trimestre de 2022, que traz ainda outras análises e destaques sobre a pessoa física. 

Entre abril de 2021 e março de 2022, por exemplo, a quantidade de investidores do Tesouro Direto cresceu 28%, de 1,5 milhão para 1,9 milhão de CPFs, e o valor em custódia subiu 27%, de R$ 65,4 bilhões para R$ 83,2 bilhões. Ao mesmo tempo, o saldo mediano caiu 13%, para R$ 2.300.

Já os CDBs, entre dezembro de 2020 e março de 2022, tiveram um incremento de 20% na quantidade de CPFs (atualmente, são 7,3 milhões de pessoas) e de 16,6% no volume investido, que chegou a R$ 513,8 bilhões. São números robustos, mas outros produtos de renda fixa registraram níveis de crescimento ainda maiores no período.

Os COEs (Certificados de Operações Estruturadas) tiveram expansão de 34% no número de CPFs e de 47% no volume investido; e as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) ganharam 39% de CPFs a mais e 37% de volume investido. Nos mesmos itens, os investimentos em debêntures registraram altas de 54% e 65%, respectivamente; os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) expandiram 65% e 54%; e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) acrescentaram 82% de CPFs a mais à sua base de investidores e 43% a mais no volume investido. Mas os grandes destaques foram as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que dispararam 111% na quantidade de CPFs e 104% no volume investido.

Vale destacar o crescimento do investimento em LFTs (Letras Financeiras do Tesouro, também conhecidas como Tesouro Selic), que são papéis indexados à taxa básica de juros. No primeiro trimestre de 2022 30% dos investimentos no Tesouro Direto foram destinados às LFTs, atingindo o mesmo patamar de 2019, antes da pandemia de Covid-19.

“Efeito Selic” na renda variável: fuga ou diversificação?

Uma das conclusões do levantamento é que o investidor continua buscando diversificação do seu portfólio.

No universo da renda variável, o número de investidores deu um salto de mais de 40% entre abril de 2021 e março deste ano. A quantidade de CPFs cresceu 44% (com a entrada de 1,3 milhão de novos investidores, totalizando 4,3 milhões), e a quantidade de contas de pessoas físicas subiu 41%, pois uma mesma pessoa pode ter conta em mais de uma corretora.

Boa parte desse resultado se deve ao crescimento de BDRs e ETFs. A B3 recebeu, em 12 meses, 1,2 milhão de novos investidores em BDRs, que são recibos de ações de empresas estrangeiras que podem ser adquiridos no Brasil. Isso representou um salto de 532% na quantidade de investidores do produto, que agora contabiliza 1,4 milhão de CPFs.

No mesmo período, que vai de abril de 2021 a março de 2022, o valor em custódia subiu 76%, para R$ 7,6 bilhões, enquanto o saldo mediano investido em BDRs caiu de R$ 1.893 para R$ 95.

O avanço dos BDRs é parte de uma tendência de diversificação internacional do investidor de renda variável, que também se reflete nos ETFs, fundos de investimento cujas carteiras espelham a composição de algum índice de referência. Esses fundos registraram alta de 78% em 12 meses, atingindo 529 mil CPFs, com aumento de 32% no valor custodiado (R$ 10,4 bilhões).

Ainda dentro da seara da renda variável, ações e fundos imobiliários (FIIs) também exibiram números positivos no período, em que pesem os aumentos na taxa Selic, que tendem a provocar migração de capital da renda variável para a renda fixa.

O número de investidores em ações cresceu 19%, passando de 2,6 milhões para 3,1 milhões de CPFs. Em paralelo, houve queda no saldo mediano em custódia, de R$ 7 mil para R$ 4 mil.

Já nos FIIs, a quantidade de CPFs registrou elevação de 24%, de 1,3 milhão para 1,6 milhão de pessoas, e o valor em custódia cresceu 13%, para R$ 133 bilhões. As pessoas físicas respondem por 74% do volume investido.

"A diversificação dos investimentos tem se intensificado, mesmo durante esse ciclo de alta da taxa de juros. Por isso, estamos trazendo para o mercado mais dados, com uma visão integrada de renda fixa e renda variável, nos mais diversos produtos financeiros", afirma Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3. “Dentro desse cenário, é importante que a B3, instituições financeiras e parceiros invistam cada vez mais em informação e educação. O hub de educação financeira da B3, construído em conjunto com o mercado, já conta com mais de 2 milhões de acessos e temos ainda um grande caminho para avançar.”

Fiagro e ETF de criptoativos, as novidades do estudo

Lançado em outubro de 2021, o Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais) está tendo uma evolução muito rápida: o número de investidores disparou 419% em apenas 6 meses. O produto guarda muitas similaridades com o FII, incluindo a vocação para as pessoas físicas, que respondem por 98% do volume investido.

O saldo mediano no FIAGRO está por volta de R$ 20 mil, quatro vezes maior que o dos FIIs.

Outra novidade desta edição do estudo da B3 são os ETFs de criptoativos. O número de investidores foi de 61 mil CPFs em abril de 2021, quando foram lançados, para 194 mil CPFs, um salto de 217%. A pessoa física responde por 64% do volume investido, com saldo mediano de R$ 1.300 nesse produto.

Acesse aqui o estudo completo.